A córnea é um tecido transparente que fica na parte da frente do olho (para exemplificar, podemos compará-la ao vidro de um relógio ou a uma lente de contato).

O transplante consiste na substituição do tecido lesado por outro saudável, proporciona a recuperação visual, de forma eficiente e a baixo custo, de pessoas cujos olhos apresentem distúrbios da transparência e da regularidade óptica da córnea.

Pacientes em morte encefálica tem comprometimento no fechamento das pálpebras, lubrificação e hidratação das córneas. O cuidado com a córnea se mostrou uma ação fundamental na assistência ao PD, principalmente devido à alta taxa de transplantes de córnea.

O enfermeiro participa de todo o processo de doação das córneas, desde a entrevista familiar à conservação do tecido captado. A enfermagem atuante no processo doação-transplante, deve ser capaz de suprir as necessidades básicas de um transplante, considerando o grau de complexidade que este envolve, precisando estar muito bem treinada, capacitada e atualizada, pois o grau de conhecimento em relação ao transplante de córnea é tão importante quanto à própria técnica cirúrgica. O papel do enfermeiro e sua função são diferenciados de acordo com a sua formação profissional, cargo na Instituição e cenário de prática. O enfermeiro é o profissional que presta cuidados diretos e contínuos e essa condição permite ao mesmo a elaboração de um plano de cuidados voltado para a eliminação de riscos e minimização de danos através de condutas individualizadas e criteriosas, considerando os fatores intervenientes na ocorrência de evento adverso. É preciso conhecer para identificar os fatores de risco e planejar uma assistência preocupada com a mitigação de riscos e atos inseguros.

O diagnóstico Risco de lesão na córnea foi proposto pela taxonomia NANDA em 2013 e revisado em 2017. Entendendo que a partir do julgamento clínico o enfermeiro pode atuar com mais segurança e precisão na proposição dos cuidados ao paciente, o novo diagnóstico foi um marco substancial para padronizar critérios na avaliação da córnea que suportem a classificação do risco e a monitorização das intervenções para prevenir e tratar lesões.  Apesar da existência do diagnóstico, o Risco de lesão na córnea ainda é um desafio para o enfermeiro intensivista implementar cuidados específicos para prevenção de lesão na córnea, haja visto que não há na literatura um consenso sobre as medidas de proteção mais efetivas, o que fragiliza a sistematização da assistência em enfermagem. Entretanto, sabe-se que a higiene ocular, o uso de colírios, gel/pomada ocular e filme de polietileno possuem impacto significativo na incidência de eventos adversos oftálmicos.

Para manutenção eficaz desta região, a córnea deve ser protegida e mantida hidratada através da umidificação, além de ser recomendado a utilização de pomadas oftálmicas para evitar a ocorrência de ceratites ou outras infecções. 

Para garantir viabilidade das córneas, as pálpebras do potencial doador devem permanecer fechadas, evitando-se ulcerações no tecido. Para isso, as pálpebras podem ser fechadas com uma fina tira de esparadrapo ou colocando gaze umedecida com soro fisiológico sobre os olhos.

A inviabilidade das córneas decorre da manutenção inadequada do potencial doador, como na situação em que as pálpebras ficam entreabertas, levando a úlceras.